“CERTA NOITE ELE FOI TER COM JESUS” (Jo 3,2)
Ainda estamos só começando mais um ano e quantas coisas já aconteceram. Muitos de nós tivemos boas experiências de final e início de ano. As celebrações na comunidade, as comemorações com familiares e amigos certamente nos deram novo alento. Alguns tiveram uns dias de folga ou férias. Pelos menos os que estudam ou freqüentam a catequese puderam desfrutar com outras ocupações.
Contudo, para bem da verdade, sabemos que o tempo não para. Não houve um só segundo entre o ano velho e o novo que estamos começando. Então quem faz a diferença somos nós que damos sentido ao tempo e aí tudo pode ser visto como continuidade e processo constante de progresso em todos os setores de nossa vida.
Mas, o que é mais importante em nossa vida? Pergunta difícil de ser respondida. Mesmo assim quero arriscar e dizer que o mais importante são os nossos relacionamentos. E entre tantas relações que estabelecemos, um único deve ser o fundamento: o amor.
Por isso, o amor e preferencialmente dentro da ótica cristã deve marcar nossas relações com todas as pessoas e coisas que fazem parte de nosso cotidiano. Deve ser ponto de partida e chegada ao mesmo tempo. O que faz com que nosso ideal se torne a pessoa de Jesus. Para dentro de nosso tempo amar como Ele amou. Fomentar um modo de relacionar-se com Deus, consigo próprio e com os outros. Um modo que resulte em vida sempre mais plena, uma vez que a plenitude está para além de nossas capacidades humanas e ultrapassa o tempo presente.
Precisamos fazer o caminho que nos leva a Jesus Cristo. Como fez Nicodemos, todos precisamos ir ao encontro de Jesus. Claro que não se trata de voltar no tempo, ir à Palestina do tempo de Herodes ou Pilatos.
O encontro com Jesus é uma realidade de fé. Em qualquer momento e em qualquer lugar podemos nos encontrar com Jesus. Um encontro pessoal, livre e consciente, o que é uma graça muito grande. Pois, é nos relacionando com Jesus, Mestre de todos os mestres, que aprendemos a arte da relação humana.
Quando Ele escolhia os seus discípulos também nos escolhia para estar com Ele.
Os discípulos tiveram muito que aprender com Jesus. Eram pessoas simples e humildes, quase todos não freqüentaram escola. No entanto, todos vinham da escola da vida que sempre ensina alguma coisa. Em meio a conflitos, disputa de poder e expectativas de vida todos aprendemos. Mas nem sempre entendemos do jeito de Jesus. Para nós que temos fé, a meta é ver com os olhos de Jesus, sentir com o seu coração. Encontrar palavras e atitudes condizentes com nossa fé, com o evangelho que recebemos.
Nicodemos era um mestre da Lei. Provavelmente pensasse que nada mais fosse necessário aprender. Entretanto, tendo ouvido falar a respeito de Jesus, ainda com certa desconfiança, pela noite, foi ao seu encontro.
Sabemos que Nicodemos teve dificuldades para compreender Jesus e acolher os seus ensinamentos. Aquele encontro os tornou amigos. Nicodemos entendeu que precisava nascer de novo. Entendeu que teria que vencer os seus medos e estar não somente uma vez com Jesus.
O evangelista João nos lembra que Nicodemos estava junto de José de Arimateia cuidando do sepultamento de Jesus. A vida nos ensina que somente amigos de verdade nos acompanham até o cemitério, e Nicodemos fez a sua parte.
Então, sejamos amigos de Jesus. Ele nos acolhe a qualquer hora. Está sempre livre para nos escutar e falar aos nossos ouvidos. Ele está na comunidade dos crêem nele. Fala pela boca da Igreja, nos acolhe pelas boas vindas do irmão.
Nos alimenta com o seu próprio corpo e sangue, e nos envia a semear sementes de amor, de esperança, perdão e justiça.
Padre João Marcos Moreira